Governo estuda reduzir salários e congelar progressões de servidores
Preocupada com o comprometimento das
receitas referentes à folha de pessoal, que não para de crescer, a equipe
econômica do governo Bolsonaro estuda medidas a fim de evitar colapso nas
contas públicas e paralisia do Estado. Entre as
propostas colocadas na mesa, duas atingem diretamente os servidores públicos federais: redução da jornada e dos
salários e o congelamento das progressões nas carreiras. A ideia é economizar pelo menos R$ 10 bilhões.
Nessa sexta-feira (30/08/2019), ao explicar
o Projeto de Lei Orçamentária
Anual (PLOA) para 2020 enviado ao Congresso Nacional, o
secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues,
afirmou que a peça não contempla a abertura de vagas novas em concursos nem
reajustes salariais ao funcionalismo público. De acordo com o gestor,
valerão apenas os já autorizados neste ano.
Para reduzir expediente e salários,
integrantes do Ministério da Economia propuseram ao ministro Paulo Guedes o
envio ao Congresso Nacional de proposta
de emenda à Constituição (PEC), estabelecendo gatilho para que as medidas
pudessem ser adotadas. A proposição daria embasamento jurídico necessário,
tendo em vista que recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF)
tratou do assunto e considerou as reduções inconstitucionais, embora estejam
previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) em caso de excesso de gasto
com pessoal.
O congelamento das progressões de servidores públicos nas carreiras é outra
alternativa para economizar recursos em 2020. De acordo com o tempo de serviço,
os servidores avançam na carreira e ganham aumentos salariais. Na carreira de
auditor-fiscal da Receita Federal, por exemplo, o funcionário começa, atualmente,
ganhando R$ 21 mil mensais e vai progredindo com os anos, até chegar à
remuneração de R$ 27,3 mil mensais.
A intenção do governo é congelar as
progressões que seriam chanceladas no ano que vem como medida emergencial para
poupar recursos. Mesmo sem reajustes para o funcionalismo, o gasto com pessoal
é um dos que mais crescem, ao lado dos benefícios previdenciários.
A maior parte das ações que estão sendo
elaboradas pelo governo deve ser encaminhada via medida provisória, que tem vigência imediata. Uma reunião foi
realizada na quarta-feira (28/08/2019) no Palácio do Planalto com o objetivo de
tentar definir estratégias adicionais para fechar as contas do ano que vem.
Além da economia já atingida, a equipe segue em busca de saídas a fim de
conseguir mais cerca de R$ 15 bilhões para as chamadas despesas
discricionárias, que incluem o custeio da máquina.
A mira da
equipe econômica está centrada nas despesas obrigatórias, isso porque o maior
obstáculo hoje é o teto de gastos, que vai crescer só 3,37% em 2020. Medidas
pelo lado da receita reduzem o déficit, mas não resolvem o problema da despesa
porque, mesmo com arrecadação maior, existe a trava do teto.
ORÇAMENTO
A
proposta de Lei Orçamentária Anual do governo federal para o próximo ano
registra redução na estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7% (como
constava na Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO) para 2,17%. O governo
também calculou que o déficit primário para 2020 seja de R$ 124,1 bilhões, um
pouco inferior ao previsto para este ano, de R$ 139 bilhões, mas ainda assim um
valor elevadíssimo – no sétimo ano consecutivo de rombo.
Na peça,
o governo federal contabilizou um valor de R$ 89,2 bilhões para as “despesas
discricionárias”, que englobam gastos com energia elétrica, água, terceirizados
e materiais administrativos, além de investimentos em infraestrutura, na área
de ciência e pesquisa (como bolsas de estudo) e para serviços básicos, como
emissão de passaportes, por exemplo.
A estimativa de técnicos e de ministros de outras áreas é de
que qualquer valor abaixo de R$ 100 bilhões ao ano coloca a administração em
risco de paralisia ou encolhimento com cortes profundos de atendimento em
serviços básicos.
Fonte: AQUI
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