Proposta de implantação da PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR aos empregados da EBSERH
a. O estímulo ao
Sistema de Previdência Social (que engloba não só o regime geral, mas também o
complementar), é defendido ideologicamente pelo atual governo;
b. O regime de
Previdência Geral auxilia o futuro e ajuda a subsistência do trabalhador
incapacitado ou com idade avançada, mas é insuficiente para garantir o padrão
de vida do tempo enquanto trabalhador ativo;
c. Os benefícios do
Regime Geral serão cada vez mais restringidos principalmente em função do
envelhecimento da população e da elevação da expectativa de vida;
d. A adoção de Planos
de Previdência Complementar são uma tendência entre as empresas privadas e
públicas;
e. A taxa interna de poupança do
Brasil é uma das menores entre os países em desenvolvimento, sendo, portanto,
uma estratégia positiva para o Governo Federal, tanto do ponto de vista social
como econômico;
f. Esse é um
benefício cujos frutos serão colhidos pelos trabalhadores de carreira. Desse
modo, não poderia ser mais oportuno à introdução de um benefício que estimule
os empregados a ficarem na empresa. Certamente esse benefício contribuirá para
redução do turn overe retenção de talentos;
g. A Ebserh poderá abater o custo
de sua coparticipação desse benefício de seus impostos, de tal modo que será
mínimo o impacto orçamentário. Além disso, existe ação orçamentária específica
e não compromete os recursos de custeio da empresa.
2.
JUSTIFICATIVAS
A Posição do Governo com Relação
ao Tema
A relevância da discussão dos
mecanismos de captação e aplicação de poupança no processo de desenvolvimento
talvez nunca tenha sido tão evidente quanto neste momento. A turbulência dos
mercados internacionais de capital mostrou claramente o quanto pode ser frágil
um modelo que se baseie pesadamente em importação de poupanças alheias como
substituição à sua geração interna.
Esse
tema Previdência é sem dúvida um dos mais extensos e complexos no âmbito da
macroeconomia de um país influenciando no déficit público, no bem estar social
e nas taxas futuras de crescimento. Sabendo disso, tentaremos destacar alguns
pontos objetivos, mostrando a importância de se começar a instituir o regime de
previdência complementar na Ebserh.
O
30º volume da Coleção Previdência Social denominado Previdência Social:
Reflexões e Desafios, realizado pela Secretaria de Políticas de Previdência
Social do Ministério da Previdência inicia seu primeiro parágrafo da seguinte
forma:
“A Previdência Social Brasileira é um
patrimônio do trabalhador e sua família. Transformou-se, ao longo das últimas
oito décadas, em um complexo e abrangente sistema de proteção social, com
significativa cobertura de riscos sociais. A cobertura dos trabalhadores ativos
vem se recuperando ano a ano, e a cobertura dos idosos coloca o País em um
patamar de quase universalidade. Essas são características da Previdência
Social que certamente nos orgulham e nos desafiam para o futuro.”
Esse documento foi desenvolvido e
aprovado respectivamente pelo Ministério da Previdência Social e pela Presidenta
da República Dilma Rousseff em 2011. Naquela época, Carlos Eduardo Garbas era o
Secretário Executivo, hoje, ocupa essa pasta ministerial.
Sendo
assim, fica clara a visão do governo atual com relação à importância
socioeconômica do sistema de Previdência do País independente do momento, se
não dizer considerando ainda o momento de crise, haja vista o que será
apresentado no tópico 3 deste estudo, que mostrará ser este o momento mais
oportuno para este estímulo segundo o mainstream da teoria econômica que estuda
o impacto da formação de poupança como fator de crescimento.
A Previdência Complementar
O Regime de Previdência
Complementar -RPC, integrante do Sistema de Previdência Social, apresenta-se
como uma das formas de proteção ao trabalhador brasileiro. É desvinculado do
Regime Geral de Previdência Social e facultativo.
Seu principal objetivo é ajudar
os trabalhadores a complementarem seu nível de renda quando da inatividade ou
em situações adversas como invalidez ou morte. É composto por 369 entidades,
sendo 339 patrocinadores e 30 instituidores, tem 2,74 milhões de participantes
e assistidos e possui um patrimônio de aproximadamente 513 bilhões de reais.
Fundos de Pensão, como são
popularmente conhecidas as Entidades Fechadas de Previdência Complementar
(EFPC), representavam 17% do Produto Interno Bruto –PIB brasileiro (Atualmente
entre 13% e 14% do PIB). Por esse motivo, são de considerável importância para
o desenvolvimento econômico e social do país.
Ao longo dos anos, vem crescendo
a necessidade de se planejar melhor o futuro. Uma maior parte dos cidadãos
passa a ter consciência da importância de se poupar hoje para garantir melhores
condições de vida amanhã. A Previdência Complementar, como mecanismo de
proteção social, proporciona mais segurança aos trabalhadores que querem
planejar e garantir o padrão de vida no futuro.
Proteção Social
Como
qualquer sistema de seguridade, o regime de previdência reduz riscos futuros.
Garante acesso à renda futura e estabilidade nas famílias contra adversidades
que possam ocorrer no âmbito financeiro.
Todo trabalhador quando não pode
mais suprir suas necessidades com o produto do seu trabalho (por motivo de
doença ou idade) pode contar com a renda da aposentadoria. Para garantir
tranquilidade é importante manter uma renda ao menos aproximada da que se tinha
enquanto trabalhador da ativa.
Atualmente,
o Regime Geral de Previdência Social tem como teto para o pagamento de
aposentadoria o valor de R$ 3.691,74. Para obter um nível mais elevado de
remuneração é necessária uma complementação. Além disso, é importante destacar
o caráter equitativo da previdência atual, já que quanto maior é a renda do
contribuinte maior será o decréscimo na sua pensão pós aposentadoria, como
demonstra o gráfico a seguir:
Com base nessas informações, se
um empregado da Ebserh aposentasse nos dias de hoje perderia entre 3% e 50% da
sua remuneração, a depender do seu cargo.
Paralelamente
ao Regime Geral, o Regime de Previdência Complementar (RPC) é composto de dois
segmentos: o fechado, também conhecido como Fundos de Pensão, operado pelas
Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) e o aberto, operado pelas
Entidades Abertas de Previdência
Complementar. Em ambos, a adesão
é facultativa (no caso da EBSERH, seria o fechado tendo em vista a quantidade
potencial de empregados que a empresa tem).
A vantagem do sistema fechado e
sem fins lucrativos é que pode ser patrocinado pela empresa (coparticipação no
fundo entre a renda do empregado e a participação da empresa) e não possui
taxas de administração.
É importante considerar ainda a
evolução da legislação da previdência geral para justificar a necessidade e a
importância da Previdência Complementar na saúde financeira familiar do
trabalhador. Desde sua criação em 1988, foram 4 importantes alterações na
legislação acerca do tema e em todos os casos, os benefícios foram sendo
restringido sem função do crescente déficit público, oriundo de falhas de
planejamento, envelhecimento da população, aumento da expectativa de vida e
problemas de má gestão dos recursos.
Segundo Oliva (2013), as
alterações sofridas pela previdência social com as reformas promovidas pelas
Emendas Constitucionais 20/98, 41/2003, 47/2005 e 70/2012, trouxeram
consequências aos contribuintes. Isso se deu também devido ao aumento da
expectativa de vida, elevando assim o limite de idade para a aposentadoria. É
por isso que, diante desse cenário, um plano complementar com gestão local e
fachada se mostra mais seguro e fundamental visto que reduz as incertezas
quanto ao futuro legal das pensões pagas pelo regime geral.
Algumas importantes empresas que
já fazem parte do Regime de Previdência Complementar são: a Petrobrás, Banco do
Brasil, Caixa Econômica Federal, Coca-Cola, Companhia Vale, Volkswagen, Toyota,
Grupo Abril, Avon Cosméticos, Motorola, Sebrae e Johnson & Johnson.
Com
relação às Empresas Públicas Dependentes do Tesouro Nacional, temos a seguinte
realidade:
Previdência e Crescimento
Econômico
Ao se buscar na literatura é mais
do que provado a direta relação entre taxas de poupança e o crescimento
econômico. Na teoria econômica ortodoxa, o investimento depende da poupança
prévia e a taxa de juros é o fator que iguala a demanda e a oferta por recursos
a investir, determinando os níveis de poupança e de acumulação do capital.
Segundo a teoria, existe uma
igualdade ex anteentre poupança e investimento, sendo o sistema bancário apenas
o intermediador que repassa a poupança aos investidores (Chick, 1994).
Simplificando, estimular a poupança é fator direto de estímulo ao investimento,
que por sua vez, é pré-requisito ao crescimento econômico.
No entanto, a teoria do
crescimento moderna versa que existem algumas circunstâncias em que essa
relação entre poupança e crescimento pode ser afetada de modo a não se
confirmar. De qualquer modo, admite-se que o momento mais propício a se
estimular o investimento (e consequentemente o crescimento) é aquele em que o
país apresente baixa taxa de poupança com taxas de juros acima da inflação.
Tal
abordagem é propícia, tendo em vista que o atual Ministro da Previdência
Social, Carlos Eduardo Gabas afirmou em palestra de educação financeira em Brasília
(09/03/2015) que "não aceita" a taxa de poupança atual de cerca de
13% do PIB (Produto Interno Bruto), e que ela deve ser ampliada.
"A sociedade de consumo gera emprego, gera
renda, mas poupar também é bom, pensar no futuro também é bom e a gente faz
muito pouco isso"
Assim afirmou ao público,
completando que a necessidade de guardar recursos independe do atual ajuste
fiscal pelo qual passa o país.1 Complementarmente, hoje o Brasil vive uma
realidade econômica com taxas de inflação de aproximadamente 8% ao passo que a
taxa básica de juros da economia é de 12,5%, confirmando assim o cenário
teórico para se aumentar as taxas de poupança interna no país.
Apesar de bastante técnico, em
suma, segundo a teoria econômica dominante, aumentar a taxa interna de poupança
é um fator positivo, ainda mais num quadro econômico de baixa taxa de poupança
interna e taxas de juros acima da inflação, o que é o caso do Brasil. Portanto,
estimular a poupança deve ser uma estratégia positiva para o governo tanto do
ponto de vista social como econômico.
Por
fim, apenas como parâmetro segue a lista da média de poupança interna de outros
países com relação ao PIB:
Gestão de Pessoas
A Ebserh é uma empresa pública
criada em 2012 com o fim de gerir os Hospitais Universitários Federais em
substituição à gestão descentralizada e precária das Fundações de Apoio,
atendendo assim uma série de recomendações do Tribunal de Contas da União –TCU,
no sentido de cumprimento da legislação e de melhorias gerenciais dos recursos
públicos.
Nesse processo de criação, foram
realizados concursos públicos. Com a contratação, alguns problemas começaram a
aparecer.
·
Ausência
de um, plano de Cargos e Salários Definido, sem regras estruturadas para
progressões;
·
Ausência
de Regulamento de Pessoal por quase 2 anos, tendo sido estabelecido no segundo
semestre de 2014;
·
Cargos
de Chefia nomeados politicamente nos primeiros 2 anos, muitos deles com chefes
cujo currículo ou a capacidade de gerência duvidosos;
·
Benefícios
mínimos, de modo que muitas vezes não são pagos por causa de regras que
inviabilizam o acesso do empregado;
·
Primeiro
Acordo Coletivo realizado por desgastante condução das negociações;
·
Problemas evidentes de cumprimento
do Regimento de Pessoal e de determinações da DGP por parte das DivGPs locais;
·
Atividades finalísticas nos HUs sujeitas
a horários diferenciados, escalas ou insalubridade/periculosidade tradados de
formas diferenciadas entre os HUs;
·
Tratamento diferenciado entre
Funcionários RJU alocados nos HUs e empregados, entre terceirizados e
empregados e entre empregados de diferentes HUs.
Todos os pontos acima afetaram e ainda
afetam sensivelmente as condições de trabalho e a desmotivação do empregado
que, muitas vezes trocou de emprego ou cargo público para assumir na Ebserh.
Esse ciclo é mais do que conhecido pelos poucos funcionários das
primeiras turmas de concursados que viram a maioria de seus colegas trocarem
suas carreiras por de outros órgãos, algumas das vezes para receber um salário
inicial menor do que o que recebiam aqui.
Essa
comissão de Empregados, por meio dos sindicatos, entende que a instituição da
previdência complementar com coparticipação da Ebserh é uma das principais e
mais sensíveis medidas para que comecemos a romper o ciclo vicioso da
desmotivação e do turn over existente
na carreira da empresa, fazendo com que o empregado pense melhor e muitas vezes
queira continuar a trabalhar na empresa.
Tal benefício produzirá efeitos
de estabilidade familiar e segurança financeira, entretanto, somente perceberão
seus efeitos aqueles que chegarem ao fim da vida laboral. Desse modo, pode-se
afirmar que tal benefício estimula a retenção de talentos na empresa, pois estimula
a visão de futuro no empregado.
Impactos Orçamentários
O processo orçamentário no qual o
recurso deve seguir para que seja possível a adoção desse benefício é um pouco
diferente com relação aos demais benefícios pleiteados ou já implantados. No
caso previdenciário, existe ação específica do tesouro nacional para este fim,
de modo que não afeta os recursos de custeio dos demais benefícios.
Durante a pesquisa foi constatado
que a ação orçamentária que comporta estes recursos é a 0110-Contribuição à
Previdência Privada. Causou espanto constatar que esta mesma ação estava
prevista no orçamento da Ebserh em 2013conforme pode consultado na Lei de
Orçamento Anual -LOA daquele exercício.
Desse
modo, a questão é: porque a dotação orçamentária foi retirada do planejamento
para o ano de 2014 e sucessivamente para o ano de 2015?
Diante dessa situação, é
indispensável que esta dotação seja reconsiderada no planejamento orçamentário
de 2016 que deverá ser entregue ainda este ano pela Empresa ao Ministério da Educação.
Vale
ressaltar que a introdução da Previdência Complementar, além de não afetar os
recursos de custeio dos demais benefícios, possibilitará ainda o abate de sua
coparticipação no Imposto de Renda. Portanto, considerando estes dois pontos fundamentais, a
implantação de tal benefício poderá, dependendo dos resultados contábeis,
representar devolução de recursos para a Ebserh.
Por
fim, foi feito um cálculo da quantidade de funcionários por região previstos
para a Ebserh e em seguida estimada a folha salarial bruta. Nesse valor, foi
incidido o percentual de 8,5% (média da coparticipação) para que fosse
projetado o custeio. Os resultados foram os seguintes:
A
fonte dos dados levou em consideração os concursos realizados e os editais
abertos de modo que o total de funcionários na análise é de quase 19 mil funcionários
(quase o dobro do que a empresa emprega atualmente). Para esse porte, e com
essa taxa, a coparticipação necessária seria de R$6,36 milhões.
3.
DO PLEITO
Diante do exposto neste estudo,
essa comissão não vê a existência de argumentos contrários a implementação da
Previdência Complementar na Ebserh, visto que é uma política de longo prazo que
estimula a economia do País, vai ao encontro dos pilares ideológicos do atual
governo, principalmente no que defende o atual Ministro, contribui para uma
política de retenção de talentos e produz efeitos sociais sensíveis na
estabilidade financeira familiar dos trabalhadores.
Portanto, complementando as
cláusulas 33 à 35 da Proposta de Acordo Coletivo 2015/2016, solicitamos que a
empresa institua o compromisso de:
a. Reinserir a
dotação orçamentária para o benefício a partir do início do ano de 2016;
b. Instituir
legalmente a Previdência Complementar da Ebserh ainda em 2015;
c. Apresentar propostas de
modelos de Previdência complementar com coparticipação da empresa em paridade
com o empregado, cuja participação mínima e máxima sejam respectivamente de 4%
a 10% do salário base.
Colaboração: Dr Rafael Faim (Economista da EBSERH Sede)
Colaboração: Dr Rafael Faim (Economista da EBSERH Sede)
Olá, já existe algum parecer da empresa sobre a previdência complementar?
ResponderExcluirAinda não, infelizmente.
ExcluirBoa noite, saberia me informar qual o posicionamento da empresa quanto a previdencia complementar? Quando fui realizar a adesão pelo sigepe e entregar o documento no Rh, eles me informaram que a empresa não possuia o plano de previdencia complementar.
ResponderExcluirA EBSERH ainda não possui essa importante modalidade, infelizmente.
ExcluirO que exige de nós trabalhadores da EBSERH, mais empenho, para reivindicamos esse complemento previdenciário.
Nesse ano de 2019, já foi suscitado alguma posição da EBSERH sobre a previdência complementar?
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