Empresas Estatais e desenvolvimento: considerações sobre a ATUAL POLÍTICA DE DESESTATIZAÇÃO
Nota Técnica do DIEESE n.º 189 - Janeiro 2018 - Considerações Finais
O
Brasil é um país de desenvolvimento capitalista tardio para o qual o Estado e
as empresas estatais, em diversos momentos de sua história, contribuíram de
forma ímpar, sobretudo em seu processo de industrialização. As empresas estatais, no Brasil e em diversos países no
mundo, desempenham papel estratégico na produção e ampliação das condições
estruturais (infraestrutura e serviços básicos, insumos estratégicos, crédito e
investimento) para o desenvolvimento econômico e social. É necessário,
portanto, que decisões relativas ao papel e tamanho do Estado – como a
alienação de seu patrimônio, dentre outras – sejam subordinadas aos
interesses coletivos, pautadas em análises criteriosas e precedidas de intenso
debate público, sob pena de comprometerem o futuro do país.
Faz-se
necessário, ainda, promover mudanças que aumentem a governabilidade e o
controle social de tais empresas, por meio da adoção de modelos de gestão já
testados e bem-sucedidos, tanto em outros países, como no Brasil. É fundamental
que a gestão - além de reduzir ao mínimo as possibilidades de desvio de
dinheiro público e de apropriação privada indébita do que pertence ao conjunto
da sociedade, permita aprimorar a qualidade dos bens e serviços e fornecê-los a
preços acessíveis à sociedade.
Os
países ditos desenvolvidos são o maior exemplo da importância da existência e
expansão das empresas estatais, não só no impulso inicial ao desenvolvimento,
mas também na manutenção e reprodução de uma sociedade mais desenvolvida
economicamente e com maiores níveis de bem-estar e igualdade social. A dinâmica
de funcionamento do setor privado é pautada, primordialmente, pela busca do
lucro, o que pode gerar conflito com o atendimento aos interesses e necessidades
do bem comum. As empresas estatais, portanto, têm função essencial no
desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária e abdicar delas é
abdicar do próprio desenvolvimento econômico e social de um país.
Nesse
sentido, o papel das estatais ultrapassa muito a quantia monetária que pode ser
arrecadada com sua venda. E, como se procurou demonstrar nesta Nota Técnica,
ainda que se tenha por parâmetro o valor “de mercado” no curto prazo, este está
aquém da própria rentabilidade que pode gerar à União e, portanto, à sociedade
brasileira de maneira mais abrangente. Acresça-se a isso sua função social e
seu valor para o país torna-se ainda maior.
Por isso, abrir mão de grandes empresas em setores estratégicos,
sobretudo para o capital estrangeiro – ainda que estatal – significa delegar
nossa trajetória de desenvolvimento econômico e social a interesses que não são
necessariamente os da sociedade brasileira. A venda de
empresas que administram recursos estratégicos compromete a soberania nacional.
Da mesma forma, a capacidade de o país fazer frente a interesses externos
baseia-se, em larga medida, na sua possibilidade de gerir seus ativos
estratégicos e assegurar os interesses de sua população.
Acesse
a Nota na íntegra: AQUI
Comentários
Postar um comentário