Recomendações no atendimento a pacientes com Coronavírus e no uso de EPI’s

Num momento em que estamos todos sobrecarregados, sem tempo nem de ler o que é importante, um grupo de infectologistas do Estado do Paraná, a seguir nominados, resumiu a Nota Técnica da ANVISA de 21 de março de 2020 sobre “Medidas de Prevenção que devem ser adotadas na assistência a pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19”. São 53 páginas resumidas em 4 com tabelas. (o Blog readaptou a tabela abaixo)
A SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) divulga essa excelente iniciativa que pode beneficiar e orientar vários infectologistas, controladores de infecção hospitalar e profissionais da saúde em geral.
Grupo de Infectologistas que elaboraram esse resumo: Ana Cristina Medeiros Gurgel, Carla Sakuma de Oliveira, Francine Teixeira, Hugo Morales (editor), Maria Inez Domingues Kuchiki, Mireille Teixeira de Melo Spera, Raquel Monteiro de Moraes, Ricardo Paul Kosop, Sergio Penteado e Suzana Dal Ri Moreira. Data do Resumo - 24/3/2020.
Tipo de Cenário
Pessoal alvo no Cenário
Recomendação
Tipo de EPI






Atendimento ambulatorial ou pronto- atendimento




Serviço de Saúde
Faça triagem de sintomas respiratórios no agendamento da consulta ambulatorial;
Estabeleça critérios de triagem para identificação e priorização de atendimento de casos sintomáticos;
Casos suspeitos devem permanecer preferencialmente em área separada até a consulta;
Manter os ambientes ventilados;
Eliminar ou restringir o uso de intens compartilhados por pacientes (canetas, pranchetas e telefones).



Pacientes e Acompanhantes
Máscara cirúrgica;
Usar lenços de papel (espirro, tosse) Higiene das mãos frequente.


Na chegada, triagem  e espera de atendimento no serviço de saúde
Serviço de Saúde
Alertas visuais (cartazes, placas e pôsteres) na entrada dos serviços e em locais estratégicos para fornecer aos pacientes/acompanhantes/visitantes instruções;
Detectar pacientes com risco durante ou antes a triagem/registro do paciente através de questionamentos sobre sintomas e contatos.



Orientar a higiene respiratória e higiene das mãos;
Realizar alimpeza e a desinfecção de objetos e superfícies tocados com frequencia pelos pacientes.




Profissionais de Saúde

Não devem circular pelo serviço de saúde utilizando os EPI. Estes devem ser removidos após a saída do quarto;

Se o profissiona sair de um quarto para o outro, em sequência, não há necessidade de trocar óculos, máscara e gorro, somente avental e luvas, além de realizar higiene das mãos.
Óculos de proteção OU protetor facial Máscara cirúrgica;
Avental.
Luvas de procedimento.









Durante a assistência à saúde


Serviço de Saúde
Procedimentos que podem gerar aerossóis devem ser realizados preferencialmente e uma unidade de isolamento respiratório com pressão negativa e filtro HEPA.




Profissionais de Saúde

Óculos de proteção OU protetor facial Máscara cirúrgica;
Avental;
Luvas de procedimento;
Utilizar gorro e Máscara N95, FFP2 ou equivalente ao realizar procedimentos geradores de aerossóis.



Profissionais de Apoios caso participem da Assistência Direta

Óculos de proteção OU protetor facial Máscara cirúrgica;
Avental;
Luvas de procedimento;
gorro (para procedimentos que geram aerossóis);
Atenção: profissionais da higiene e limpeza, acrescentar luvas de borracha com cano longo e botas impermeáveis de cano longo.

Situações Especiais
Recomendação












Higienização das Mãos
Lavar as mãos frequentemente especialmente após ter vindo de lugares públicos ou assoar nariz, tossir ou espirrar.

1. água e sabonete líquido - Duração: 40 a 60 segundos
- essencial quando as mãos estão visivelmente sujas ou contaminadas com sangue ou outros fluidos corporais.
- realizar: antes e após contato direto com paciente com infecção suspeita ou confirmada, imediatamente após retirar luva, imediatamente após contato com sangue-fluidos corporais-secreções-excreções-objetos contaminados, entre procedimentos em um mesmo paciente.
- técnica: retirar todos os acessórios, abrir a torneira, molhar as mãos (evitar encostar-se a pia), aplicar sabonete na palma da mão, ensaboar as palmas e friccionar entre si, esfregar a palma  da mão direita no dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa, entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais, esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma  da mão oposta (segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem e vice-versa), esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda (utilizando- se movimento circular e vice- versa), friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita (fechada em concha, fazendo movimento circular e vice-versa), enxaguar as mãos, retirando os resíduos de sabonete. Evitar contato direto das mãos ensaboadas com a torneira. Secar as mãos com papel toalha descartável. No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize papel toalha.

2. preparação alcoólica a 70% (gel ou solução) - Duração: 20 a 30 segundos
- realizar: antes de contato com o paciente, após contato com o paciente, antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos invasivos, antes de calçar luvas para inserção de dispositivos invasivos que não requeiram preparo cirúrgico, após risco de exposição a fluidos corporais, ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo (durante a assistência ao paciente), após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas ao paciente, antes e após a remoção de luvas.
- técnica: retirar acessórios (anéis, pulseiras, relógio), aplicar na palma da mão quantidade suficiente do produto para cobrir todas as superfícies das mãos, friccionar as palmas das mãos  entre si, friccionar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa, friccionar as palma das mãos entre si com os dedos entrelaçados, friccionar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta (segurando os dedos e vice-versa), friccionar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda (utilizando- se movimento circular e vice-versa), friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita (fazendo um movimento circular e vice-versa), friccionar até secar  espontaneamente. Não utilizar papel toalha.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI



Máscara Cirúrgica
Objetiva evitar a contaminação da boca e nariz do profissional por gotículas respiratórias, quando o mesmo atuar a uma distância inferior a 1 metro do paciente suspeito ou confirmado.
Deve ser confeccionada de material tecido-não tecido (TNT), possuir no mínimo uma camada interna e uma camada externa e obrigatoriamente um elemento filtrante.
O elemento filtrante deve possuir eficiência de filtragem de partículas (EFP) > 98% e eficiência de filtragem bacteriológica (BFE) > 95%.
Não é indicado o uso desta máscara nas dependências do hospital, sem que seja no atendimento direto ao paciente.
Pacientes com sintomas de infecção respiratória (febre, tosse espirros, dificuldade para respirar) devem utilizar essa máscara.








Máscara de Proteção Respiratória (Respirador Particulado - N95 ou Equivalente)
Indicada quando o profissional atuar em procedimentos com risco de geração de aerossol nos pacientes com infecção suspeita ou confirmada pelo novo coronavírus.
Deve ter eficácia mínima na filtração de 95% de partículas de até 0,3μ (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3).
São exemplos de procedimentos com risco de geração de aerossóis: intubação ou aspiração traqueal, ventilação não invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual antes da intubação, coletas de nasotraqueais e broncoscopias secreções.
Pode-se considerar o uso de respiradores ou máscaras N95 ou equivalente, além do prazo de validade designado pelo fabricante para atendimento emergencial aos casos suspeitos ou confirmados da COVID-19 . No entanto, as máscaras além do prazo de validade designado pelo fabricante podem não cumprir os requisitos para os quais foram certificados. Com o tempo, componentes como as tiras e o material da ponte nasal podem se degradar, o que pode afetar a qualidade do ajuste e da vedação.
A máscara cirúrgica não deve ser sobreposta à máscara N95 ou equivalente, pois além de não garantir proteção de filtração ou de contaminação, também pode levar ao desperdício de mais um EPI, o que pode ser muito prejudicial em um cenário de escassez.
Com objetivo de minimizar a contaminação da máscara N95 ou equivalente, se houver disponibilidade, pode ser usado um protetor facial (face shield). se a máscara estiver íntegra, limpa e seca, pode ser usada várias vezes durante o mesmo plantão pelo mesmo profissional (até 12 horas ou conforme definido pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH do serviço de saúde). Essa recomendação poderá ser atualizada.
Para remover a máscara, retire-a pelos elásticos, tomando bastante cuidado para não tocar na superfície interna e acondicione em um saco ou envelope de papel com os elásticos para fora, para facilitar a retirada da máscara. Nunca coloque a máscara já utilizada em um saco plástico, pois ela poderá ficar úmida e potencialmente contaminada.







Luvas
Devem ser utilizadas, no contexto da epidemia da COVID-19, em qualquer contato com o paciente ou seu entorno (Precaução de Contato).
As luvas devem ser colocadas antes da entrada no quarto do paciente ou área em que o paciente está isolado.
As luvas devem ser removidas dentro do quarto ou área de isolamento e descartadas como resídudo infectante.
Jamais sair do quarto ou área de isolamento com as luvas.
Não lavar ou usar novamente o mesmo par de luvas (as luvas nunca devem ser reutilizadas).
O uso de luvas não substitui a higiene das mãos.
Não devem ser utilizadas duas luvas para o atendimento dos pacientes, esta ação não garante mais segurança à assistência.
Proceder à higiene das mãos imediatamente após a retirada das luvas.
Observe a técnica correta de remoção de luvas para evitar a contaminação das mãos:
- Retire as luvas puxando a primeira pelo lado externo do punho com os dedos da mão opost;
- Segure a luva removida com a outra mão enluvada;
- Toque a parte interna do punho da mão enluvada com o dedo indicador oposto (sem luvas) e retire a outra luva.

Protetor Ocular ou Protetor de Face (Face Shield)
Devem ser utilizados quando houver risco de exposição do profissional a respingos de sangue, secreções corporais e excreções.
Devem ser exclusivos de cada profissional responsável pela assistência.
Realizar a limpeza e posterior desinfecção com álcool líquido a 70%, hipoclorito de sódio




Capote/Avental
Devem ter gramatura mínima de 30g/m2
A necessidade do uso de capote ou avental impermeável (estrutura impermeável e gramatura mínima de 50 g/m2) depende do quadro clínico do paciente (vômitos, diarréia, hipersecreção orotraqueal, sangramento, etc)
Deve ser de mangas longas, punho de malha ou elástico e abertura posterior.
Deve ser confeccionado de material de boa qualidade, atóxico, hidro/hemorrepelente, hipoalérgico, com baixo desprendimento de partículas e resistente, proporcionar barreira antimicrobiana efetiva (Teste de Eficiência de Filtração Bacteriológica - BFE), permitir a execução de atividades com conforto e estar disponível em vários tamanhos.
O capote ou avental sujo deve ser removido e descartado como resíduo infectante após a realização do procedimento e antes de sair do quarto do paciente ou da área de assistência

Gorro
O gorro está indicado para a proteção dos cabelos e cabeça dos profissionais em procedimentos que podem gerar aerossóis.



Precaução e Isolamento de Pacientes com Suspeita/Confirmado por COVID-19
Preferencialmente, manter precaução de gotícula E de contato em quarto privativo. (manter porta fechada e janelas abertas).

Se não for possível, manter precaução de gotícula E de contato em coorte. (manter porta fechada e janelas abertas) - NÃO realizar coorte com vírus diferentes.
1. Manter distância mínima de 1 metro entre os leitos dos pacientes.
2. Restringir número de pessoas a esta área, inclusive visitantes.
3. Profissionais de saúde que atuam nesta área não devem circular em outras áreas de assistência (coorte de profissionais) devem utilizar máscara N95.
Os procedimentos que podem gerar aerossóis devem ser realizados preferencialmente em uma unidade de isolamento respiratório com pressão negativa e filtro HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance ).
Na ausência desse tipo de unidade, deve-se colocar o paciente em um quarto com portas fechadas e janelas abertas, restringindo o número de profissionais durante estes procedimentos. Deve-se orientar o uso obrigatório de máscara N95, N 99, PFF2 ou PFF3 pelos profissionais de saúde.






Limpeza e deisnfecção de superfícies
- Não há recomendação diferenciada para limpeza e desinfecção de superfícies.
- A higienização das áreas de isolamento deve ocorrer na forma de limpeza concorrente (diariamente), limpeza terminal (após a alta, óbito ou transferência) e limpeza imediata (quando ocorrer sujidades ou contaminação do ambiente e equipamentos com matéria orgânica).
- É necessário a adoção de medidas de precaução para realização desses procedimentos.
- Para retirada de matéria orgânica visível deve-se inicialmente retirar o excesso da sujidade com papel/tecido absorvente e posteriormente realizar a limpeza e desinfecção desta.
- A limpeza das superfícies deve ser feita com detergente neutro.
- A desinfecção acontecerá após a limpeza, utilizando desinfetantes à base de cloro, alcoóis, quaternário de amônio ou outro desinfetante padronizado pelo serviço de saúde, desde que seja regularizado junto à Anvisa.
- Deve-se limpar e desinfetar as superfícies que provavelmente estão contaminadas, incluindo as que estão próximas ao paciente, as frequentemente tocadas no ambiente do atendimento, além dos equipamentos usados durante a prestação da assistência, incluindo os dispositivos móveis (ex: verificadores de pressão arterial).


Processamento de Roupas
Não é preciso adotar um ciclo de lavagem especial para as roupas provenientes de casos suspeitos ou confirmados do COVID-19, podendo ser seguido o mesmo processo estabelecido para as roupas de pacientes em geral.
Na retirada da roupa suja deve haver o mínimo de agitação e manuseio, observando-se as medidas de precauções.
Roupas provenientes dos isolamentos não devem ser transportadas por meio de tubos de queda.
FONTE: AQUI

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