1º Encontro Internacional de Juízes de Cortes Trabalhistas
O
seminário foi idealizado pelo Colégio de Presidentes e Corregedores de
Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor) e realizado pela Escola Nacional
de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat) com o apoio
do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
REFORMA TRABALHISTA
No
último painel do encontro, os ministros do TST Maria Cristina Peduzzi e
Mauricio Godinho Delgado discorreram sobre a reforma trabalhista no Brasil e em
países como Portugal, Alemanha, Inglaterra, Argentina, Espanha e Itália.
Para a ministra, as reformas refletem as mudanças decorrentes da chamada
quarta revolução industrial, que se caracteriza pela substituição da mão de
obra pela tecnologia e pelo aumento do desemprego em nível global.
A
ministra lembrou que 7,1 milhões de empregos devem ser extintos entre 2016 e
2020. Diante desse cenário, considera importante estudar as reformas
trabalhistas em outros países, “com a consciência de que cada local tem suas
peculiaridades”. Como exemplos, citou a reforma em Portugal, mais conservadora,
que ampliou as possibilidades de dispensa e permitiu a redução do salário
quando a jornada for diminuída, e a da Itália, que adotou um sistema mais
flexível com o objetivo de movimentar a economia.
O
ministro Mauricio Godinho Delgado explicou os três modelos econômicos que
influenciam o modo como essas mudanças na legislação afetam a sociedade. No
modelo de bem-estar social, presente principalmente na Europa Ocidental e
nos Países Nórdicos, o estado, forte e atuante, se harmoniza com a iniciativa
privada e implementa políticas públicas que atingem todas as esferas sociais.
Na sua avaliação, é o desenho mais democrático e funciona “muito bem” com o
capitalismo. “Nesses países, as reformas não causam tanto trauma”, afirmou.
No
modelo asiático, o Estado promove uma forte intervenção
na industrialização. Apesar de apresentar graves defeitos, o ministro observa
que experiências como a da China e da Coreia do Sul mostram “que é possível
estar dentro do capitalismo com eficiência e competitividade, mas para isso é
imprescindível à participação do Estado”.
O
terceiro modelo é o neoliberal ou ultraliberal. “Essa vertente acha que
os direitos individuais e sociais são um mal. Há quase que um preconceito
contra o Estado”, opinou. Para o ministro, eliminar o papel do Estado
inviabiliza a industrialização, e a consequência desse processo nos países em
desenvolvimento é que as mudanças nas leis se tornam ainda mais duras,
desiguais e excludentes.
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